ANTOLOGIA DEL ´SECCHI, 2008. Organização Roberto de Castro Del´Secchi. Rio de Janeiro: Del´Secchi, 2008. 404 p. 14 x 21 cm ISBN 85-86494-14-3
No. 10 253
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
UM OLHAR SOZINHO
Estava a admirar o Sol, um dia,
Mergulhando, voltando ao leito,
Quando olhei ao lado direito
E vi que ali nada havia..
No céu, dança de aves,
E ainda, aquele crepúsculo;
Em devaneio, cada músculo
Estendeu-se a outros mares...
Meu corpo cede, espraiando-se;
Poucamente sinto um ventinho,
Que logo ia, dissipando-se...
O mar... aconchegante ninho!
Mas não sei se triste, se alegre: virando-se,
O olhar encontra outro sozinho...
ÀS MINHAS SAUDADES
De fronte ao lar, penso
Se somente eu sozinho à noite
Estou, como se andarilho fosse,
Em busca d´um especial espelho...
— Éolo querido, traga-me minha musa! —
Sinto o amor ao ar suspenso,
Mas também, os espinhos do tempo...
E responde: — Calma que será tua!
Espero, até que o Sol aponta:
— Por favor, apressa-te amigo vento,
A saudade faz-se pronta,
E tanto, que pouco agüento... —
Mas nada, lançado ao esquecimento,
Largo-me ao balançar das ondas.
O LADO NEGRO DA LUA
Minha alma é feita da companhia tua,
De todas as cousas que tu mais ama,
Mas mesmo que um sol traga o calor da chama,
Ainda resta um lado negro da lua.
O que eu vejo se propaga ao infinito,
E quanto mais olho, mais nítida fica,
A imagem, que me absorve e modifica,
Me ilude, tira o caminho... um labirinto.
Quando me acho, e sigo a trilha aquela,
Seguro e aliviado, vendo teu sorriso,
O vejo a brilhar na face de uma moeda.
E toda a riqueza do meu universo,
Que a mim ela reclame,
Se confessar teu nome no final de um verso.
VESTIDO-AMBIENTE
Vi-te num vestido d´uma linha
Azul magnificamente celestial,
A qual não via nenhum final.
E que cintilava muito além da bainha.
Um tecido que transpassava a veste,
Que se fazia infindavelmente;
Carretéis costuravam o ambiente
Desde quando tu me viste.
Tuas agulhas súditas
Consertavam a qualquer furinho,
Tão alegres e súbitas.
Mas sentis-me um dia em lástimas,
E sentei ao teu lado num cantinho,
Pois o tecido não te secava de lágrimas.
*
VEJA e LEIA outros poetas do RIO GRANDE DO SUL em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grade_sul/rio_grande_sul.html